domingo, 25 de novembro de 2007

Um dia de Luto...

Soldado português de 22 anos morre num acidente em Cabul José Miguel Gaspar * Sérgio foi interrompido numa brutal banalidade morreu num acidente rodoviário no clima desértico do Afeganistão, país da Ásia Central. Estava a 6500 quilómetros de Crestuma, freguesia do concelho de Gaia onde vivia na vereda do Parque de Jogos, rodeado de eucaliptos e pinheiros. Tinha 22 anos. Sérgio Miguel Vidal Oliveira Pedrosa era pára-quedista profissional no Regimento de Infantaria 10, com base em S. Jacinto, Aveiro. Deveria regressar à casa que partilhava com a mãe, a avó, uma irmã de nove anos e um irmão de 20, igualmente pára-quedista, em Fevereiro, quando cumprisse seis meses de missão com a tropa portuguesa ao serviço da NATO. A sua morte foi revelada à família manhã cedo pelo tenente-coronel Jacinto Silva, delegado de apoio enviado para Crestuma juntamente com um capelão e um psicólogo do Exército. A equipa de apoio psicológico integra também, desde ontem, duas assistentes sociais da Câmara de Gaia. O funeral deverá realizar-se, em princípio, na terça-feira. O Ministério da Defesa tratou das autorizações internacionais necessárias para um avião da Força Aérea ir ao Afeganistão buscar o corpo de Sérgio Pedrosa. "O Serginho regressa amanhã a casa", disse o tio António Oliveira aos jornalistas que se concentravam em frente à silente e fria casa da família. "A vida é assim, é bruta. Ainda na quarta-feira falei com ele pela Internet. Ele estava contente com aquilo lá". "Foi à berma e capotou" O acidente que o vitimou ocorreu durante uma patrulha nocturna na província de Wardak, nos arredores da capital afegã, Cabul. Eram 3 horas da madrugada, menos cinco em Portugal. Sérgio seguia no topo de vigia da viatura, um Humvee, quando o veículo "foi à berma e capotou", disse fonte do Estado--Maior-General das Forças Armadas. O soldado ainda foi evacuado para a unidade hospitalar de Khost, onde viria a morrer. Não foi revelado quantos ocupantes seguiam no Humvee; apenas que Sérgio Pedrosa havia sido a única vítima. O incidente será agora investigado pela Força Internacional de Assistência e Segurança (ISAF), da NATO. A sua morte "não ocorreu em combate, mas num acidente rodoviário", confirmou, ontem, o presidente da República, Cavaco Silva, que já enviou condolências à família (ver reacções). Soldados de volta em 2008 Portugal tem actualmente 164 militares, na maioria pára-quedistas, às ordens da Força Internacional de Assistência e Segurança da NATO, que comanda no Afeganistão a maior operação dos seus 60 anos de história. Mas a presença portuguesa vai sofrer, conforme já havia sido anunciado, uma redução drástica. Até final do ano, irão manter-se no Afeganistão tropas pára-quedistas e de apoio de serviços, assim como uma equipa de controlo aéreo táctico da Força Aérea. A partir de Agosto de 2008, regressam quase todos a Portugal, ficando apenas um avião C-130 e uma equipa de 15 militares para dar formação ao Exército afegão. Dois mortos em três anos A morte do soldado Sérgio Pedrosa é o quarto incidente com o contingente da Força Nacional Destacada no Afeganistão desde 2005. A lista de vítimas ascende agora a dois mortos e quatro feridos. O primeiro incidente ocorreu a 18 de Novembro e foi o mais grave. Durante uma patrulha nos arredores de Cabul, um militar morreu e outro ficou gravemente ferido na explosão de uma bomba, que atingiu a viatura em que seguiam. A 25 de Maio de 2007, um soldado sofreu ferimentos ligeiros em resultado de uma emboscada durante uma patrulha a pé, perto de Kandahar, no Afeganistão. Menos de um mês depois, dois militares sofreram ferimentos ligeiros, também em Kandahar. * com Pedro Araújo e agência Lusa O primeiro-ministro, José Sócrates, deixou "uma palavra de coragem e de conforto" em nome do Estado português e do Governo à família e camaradas do militar Sérgio Pedrosa, falecido no Afeganistão. Sócrates, que se deslocava a Bragança para lançar a concessão das auto-estradas Transmontana e do Douro Interior, passou antes por Crestuma, no concelho de Gaia, para expressar pessoalmente condolências à família do falecido. O presidente da República, por seu lado, lamentou a morte do soldado português em Cabul, considerando tratar-se de "uma notícia muito triste", e manifestou "grande confiança" nos militares portugueses no Afeganistão. "Presto homenagem, em meu nome pessoal e do Governo, ao soldado Sérgio Vidal Oliveira Pedrosa, que estava ao serviço da pátria e da paz", no quadro de uma missão das Nações Unidas, declarou o ministro da Defesa, Severiano Teixeira. "Estamos todos solidários com a tristeza do que aconteceu, com as Forças Armadas Portuguesas e com a família enlutada", disse o líder do PSD, Luís Filipe Menezes, frisando tratar-se de um soldado natural de Vila Nova de Gaia, município do qual é presidente da Câmara. Marco António Costa, vice-presidente da edilidade, deslocou-se à casa da família do jovem soldado, em Crestuma, para apresentar pessoalmente as condolências à família da vítima. in Jornal de Noticias